A implementação de uma plataforma de gestão documental para prestadores de serviços é, à primeira vista, uma solução moderna e necessária para garantir conformidade, segurança e eficiência. No entanto, muitas empresas subestimam os desafios reais que surgem durante o processo, especialmente quando ele é conduzido exclusivamente por equipas internas.
Neste artigo, analisamos as principais dificuldades enfrentadas por estas equipas, com o objetivo de ajudar as empresas a planear melhor, evitar erros comuns e tomar decisões mais estratégicas sobre recursos, apoio externo e responsabilidades.
1. Falta de conhecimento técnico da plataforma
Embora as plataformas sejam concebidas para facilitar a gestão documental, a sua configuração inicial, a definição de regras, fluxos de aprovação e a adaptação às exigências legais ou contratuais requerem conhecimento técnico específico que muitas equipas internas não possuem.
- Dificuldade em parametrizar regras de validade, categorias e tipos documentais. 
- Problemas ao configurar notificações, permissões e automatismos. 
- Erros frequentes na organização da base de dados. 
Consequência: Uma plataforma mal configurada desde o início, com impactos contínuos na sua utilização.
2. Sobrecarga de trabalho das equipas internas
As equipas responsáveis por QHSE, compras, recursos humanos ou administração muitas vezes acumulam funções e já lidam com tarefas críticas no seu dia a dia.
A implementação e gestão de uma nova plataforma representa:
- Aumento significativo de carga administrativa. 
- Dificuldade em acompanhar os prazos de upload e validação. 
- Incapacidade de prestar apoio adequado aos prestadores. 
Consequência: atrasos, rejeições, documentos expirados e desmotivação das equipas.
3. Falta de tempo para formar e acompanhar os prestadores de serviços
As plataformas de gestão documental exigem colaboração ativa dos prestadores de serviços, que precisam de ser formados e orientados quanto à documentação exigida e ao seu correto carregamento.
- Muitas empresas não conseguem formar todos os prestadores. 
- A comunicação falha, gerando envios incompletos ou errados. 
- As equipas internas tornam-se call centers improvisados para dúvidas básicas. 
Consequência: grande volume de erros, má experiência do prestador e aumento de rejeições documentais.
4. Dificuldade em adaptar a plataforma às exigências contratuais e legais
Cada cliente pode ter exigências diferentes quanto à documentação obrigatória dos prestadores, validade de certificados, auditorias, etc.
- Equipas internas nem sempre dominam os requisitos legais (ex: segurança, ambiente, RGPD). 
- Há confusão entre o que é exigido pela empresa, por clientes finais e por legislação. 
- A plataforma torna-se um arquivo sem critério ou lógica operacional. 
Consequência: risco jurídico e contratual significativo.
5. Resistência à mudança
Em muitas empresas, especialmente as que ainda trabalham com processos manuais ou híbridos, a mudança para uma plataforma digital gera resistência, tanto por parte dos colaboradores internos como dos prestadores.
- Medo de perder o controlo sobre os processos. 
- Dificuldade em adaptar-se a novas rotinas e ferramentas. 
- Falta de motivação para aprender a usar o sistema. 
Consequência: baixo índice de adesão e retorno reduzido do investimento na plataforma.
6. Gestão ineficaz do histórico documental
Manter o histórico de documentos atualizado, válido e acessível é uma tarefa crítica, mas muitas vezes negligenciada.
- Falta de critérios para arquivamento e substituição de documentos. 
- Documentos expirados continuam ativos ou são eliminados incorretamente. 
- Erros na substituição de versões e registos manuais de datas. 
Consequência: perda de rastreabilidade e problemas em auditorias.
7. Falta de indicadores e monitorização
Sem experiência prévia, muitas equipas não conseguem gerar relatórios eficazes ou indicadores de desempenho (KPIs).
- Ausência de dashboards que permitam visualizar a conformidade em tempo real. 
- Falta de alertas sobre documentos prestes a expirar. 
- Dificuldade em demonstrar a eficácia da plataforma à gestão da empresa. 
Consequência: falta de controlo sobre a operação documental.
8. Múltiplas plataformas e falta de integração
Empresas com clientes ou prestadores diferentes frequentemente lidam com várias plataformas em simultâneo.
- Equipas internas perdem tempo a duplicar carregamentos. 
- Erros comuns ao trabalhar com requisitos diferentes em plataformas distintas. 
- Ausência de integração entre sistemas internos (ex: RH ou compras) e plataformas externas. 
Consequência: perda de eficiência e aumento do risco de erro humano.
9. Como ultrapassar estas dificuldades?
A resposta passa muitas vezes por não tentar fazer tudo “dentro de casa”. Trabalhar com uma empresa especializada em gestão documental permite:
- Reduzir o tempo de implementação. 
- Garantir conformidade desde o primeiro dia. 
- Oferecer formação e suporte direto aos prestadores. 
- Estabelecer integrações e sincronizações entre plataformas. 
- Acompanhar de forma proativa as rejeições e alertas. 
Conclusão
As plataformas de gestão documental são uma excelente ferramenta para garantir conformidade, organização e segurança. No entanto, a sua implementação bem-sucedida exige mais do que boa vontade e tempo das equipas internas.
Reconhecer as limitações e pedir apoio especializado pode fazer toda a diferença entre um sistema que funciona de forma automatizada e eficaz, e uma plataforma que se transforma num problema adicional para a empresa.

