Num contexto empresarial em que a rastreabilidade, a conformidade legal e a eficiência dos processos são fatores críticos, muitas empresas recorrem a plataformas de gestão documental para organizar e controlar a documentação dos seus prestadores de serviços. No entanto, um elemento essencial para o sucesso e a segurança desses sistemas é frequentemente subestimado: a política de gestão do histórico dos documentos.
Este artigo técnico aborda a importância de definir uma política clara e eficaz para o histórico documental em plataformas digitais, os riscos da ausência dessa política e as melhores práticas para garantir transparência, auditoria eficaz e proteção da informação.
1. O que é a gestão do histórico dos documentos?
A gestão do histórico consiste no registo e armazenamento de todas as alterações, substituições, versões e validações associadas a um determinado documento ao longo do tempo. Trata-se de uma funcionalidade fundamental nas plataformas de gestão documental que permite responder às seguintes perguntas:
- Quem carregou o documento? 
- Quando foi carregado ou substituído? 
- Quem o validou ou rejeitou, e com que comentário? 
- Que versões existiram e por que foram atualizadas? 
- Quais documentos estavam válidos num determinado período? 
Este registo cronológico e imutável constitui o histórico documental, uma ferramenta indispensável para auditorias, análises de conformidade e resolução de litígios.
2. Por que é importante ter uma política clara?
Sem uma política de gestão do histórico, a empresa arrisca:
- Perda de rastreabilidade: sem acesso a versões anteriores ou justificações de rejeições, torna-se impossível reconstruir o percurso documental. 
- Risco jurídico: em caso de litígios, acidentes ou inspeções, a ausência de histórico impede a defesa adequada da empresa. 
- Falta de transparência: prestadores e departamentos internos ficam sem visibilidade sobre decisões anteriores. 
- Dependência excessiva da plataforma: se o fornecedor não garantir retenção do histórico, a empresa perde controlo sobre os seus próprios processos. 
- Insegurança na validação: a troca de documentos sem registo pode permitir práticas informais ou incorretas. 
3. Elementos essenciais de uma boa política de histórico documental
Para que a gestão do histórico dos documentos seja eficaz, recomendamos que a política da empresa inclua os seguintes pontos:
- Retenção integral de versões e eventos: Todas as versões de cada documento devem ser armazenadas, sem possibilidade de substituição silenciosa. 
- Registo de ações e responsáveis: Cada ação (upload, substituição, validação, rejeição, comentário) deve ser associada a um utilizador e a uma data/hora precisa. 
- Imutabilidade e integridade: O histórico não pode ser editável. Deve funcionar como um log inviolável de auditoria. 
- Acesso controlado: A política deve definir quem pode visualizar o histórico completo — geralmente administradores, validadores e auditores. 
- Prazo de retenção: Estabelecer por quanto tempo o histórico será mantido (ex: 5 ou 10 anos), tendo em conta exigências legais e contratuais. 
- Exportação e backup: A plataforma deve permitir exportar o histórico completo sempre que necessário, garantindo a soberania dos dados pela empresa. 
4. Como a plataforma deve responder
Empresas que contratam plataformas de gestão documental para prestadores de serviços devem assegurar que estas incluem funcionalidades robustas de gestão do histórico. Eis alguns requisitos técnicos mínimos:
- Timeline documental com carimbo de data/hora 
- Acesso fácil ao histórico a partir da ficha do prestador 
- Download de relatórios de histórico para auditorias 
- Sistema de notificações para alterações ou substituições 
- Identificação clara de responsáveis por cada ação 
- Registos invioláveis (sem opção de edição manual do histórico) 
5. A vantagem competitiva de quem controla o histórico
Uma política bem implementada não é apenas uma medida de segurança – é também uma vantagem estratégica:
- Reduz riscos legais e operacionais 
- Facilita a resposta a auditorias internas e externas 
- Aumenta a confiança dos clientes e dos prestadores 
- Melhora a comunicação entre departamentos 
- Permite análises retrospetivas para melhoria contínua 
Empresas com processos historicamente auditáveis demonstram maturidade, organização e compromisso com a conformidade. Isto é particularmente valorizado em setores como construção, energia, indústria ou logística — onde os requisitos documentais são críticos e frequentemente auditados.
Conclusão
Ao implementar uma plataforma de gestão documental para prestadores de serviços, não basta garantir o carregamento e a validação dos documentos. É fundamental definir e aplicar uma política clara de gestão do histórico documental, que assegure a rastreabilidade, a transparência e a conformidade ao longo do tempo.
A ausência dessa política não é apenas uma falha técnica — é uma vulnerabilidade operacional. Por outro lado, quem a adota protege-se juridicamente, ganha controlo sobre os processos e reforça a sua reputação perante clientes e parceiros.
Na dúvida, escolha sempre plataformas que garantam acesso completo e inviolável ao histórico documental, com perfis de utilizador diferenciados e ferramentas de auditoria integradas.

